Neste ensaio, a pesquisadora Leila Cristina Arantes (CEFET-MG) aborda a importância de conhecer (e saber usar) as bases de dados durante a pesquisa acadêmica. Por meio da própria experiência, a autora apresenta três conselhos para o uso otimizado e eficiente de plataformas como, por exemplo, a SCOPUS e a Web of Science.
É muito comum, nos corredores das universidades, encontrar alunos e alunas em busca de indicações bibliográficas para a escrita de trabalhos acadêmicos, tais como TCC, dissertações e teses. E é bem provável que esses estudantes desconheçam a possibilidade de realizar uma pesquisa de forma organizada e sistematizada nas bases de dados – plataformas que possibilitam acessar um banco de citações da literatura, com revisão por pares, e que, numa dimensão mundial, fornecem um panorama abrangente da pesquisa em determinada área. Se sabem dessa possibilidade, esses alunos e alunas muitas vezes não usufruem dela e preferem encurtar o caminho procurando diretamente o orientador ou a orientadora, sem se darem conta da riqueza de informações e de conhecimento que uma pesquisa autônoma poderia lhes proporcionar.
Temos, ao alcance de um clique, várias bases de dados, sejam elas específicas para uma determinada área, sejam de categoria multidisciplinar. A título de exemplo, cito aqui algumas: Google Acadêmico, PubMed, Portal de Periódicos da CAPES, SCOPUS, Web of Science, SCieLO, ERIC, SCOPUS, BDTD. A maioria delas é de acesso gratuito; outras necessitam assinatura.
Mas a boa notícia é que algumas bases não gratuitas para o público em geral, como a SCOPUS e Web of Science, podem ser acessadas por meio do acesso CAFe (Comunidade Acadêmica Federada), no Portal de Periódicos da Capes, o qual reúne uma variada base de dados. Para isso, confirme se a sua universidade é participante desse Portal. Depois, acesse o Portal de Periódicos da CAPES, clique no link “acesso CAFe” e faça o login com as próprias credenciais acadêmicas de acesso ao site institucional da sua universidade.
No entanto, vale ressaltar que não basta ter acesso às bases – é necessário saber pesquisar dentro delas, pois essa busca fará uma grande diferença na revisão bibliográfica de uma pesquisa acadêmica. Com base em minha experiência como pesquisadora, cito a seguir algumas informações que considero importantes no momento da busca:
1. Faça uso dos operadores booleanos: AND (e):usado para ligar dois ou mais temas; AND NOT (não): usado para retirar um termo que pode “poluir” sua pesquisa; OR (ou): usado para adicionar sinônimos, termos semelhantes ou ainda para acrescentar mais temas. A função do operador booleano é, portanto, ajudar os sistemas a definir melhor os parâmetros de seleção de dados. E, por consequência, esses operadores também ajudarão a encontrar os melhores artigos e as melhores referências para a pesquisa.
2. Use aspas nos termos de busca compostos por mais de uma palavra (operação conhecida como “travar”). Por exemplo: se o termo “letramento digital” não for delimitado por aspas, a base fará a busca de ambas as palavras desse termo, de forma individualizada e em conjunto. Isso pode acarretar uma poluição na pesquisa com o retorno de referências que não dizem respeito à temática procurada. O uso das aspas possibilita que a base faça a busca pela palavra-chave.
3. Explore todas as ferramentas disponibilizadas pela base de dados. Você pode refinar sua pesquisa por autor, por ano, por país, por área, por tipo de documento, por fonte, por idioma etc. Algumas dessas plataformas, como a SCOPUS e a Web of Sience, oferecem ao pesquisador dados bibliométricos, como gráficos por exemplo.
Seguindo estes conselhos, o/a pesquisador/a provavelmente conseguirá, além de encontrar referências bibliográficas adequadas à escrita do seu trabalho, otimizar o seu tempo e a agenda do/a orientador/a, além de facilitar o trabalho da pesquisa acadêmica. Estes benefícios surgem sobretudo porque, uma vez feita a busca nas bases de dados, o pesquisador ou pesquisadora terá encontrado as referências bibliográficas, as quais serão apenas complementadas no processo de orientação.
Esta publicação é fruto de uma parceria com o projeto de extensão Aula Aberta, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). O projeto Aula Aberta tem a finalidade de oferecer aulas e palestras abertas à comunidade, para qualquer pessoa que se interessar pelo tema a ser debatido entre palestrantes convidados e público.
COMO CITAR ESTE ARTIGO:
ARANTES, Leila Cristina. “A pesquisa nas bases de dados e a relevância de saber fazê-la”, em Revista Ponte, v. 3, n. 2, ago. 2023. Disponível em: https://www.revistaponte.org/post/bases-de-dados-leila-cristina-arantes
Leila Cristina Arantes é mestranda em Estudos de Linguagens pelo Centro Federal Tecnológico de Minas Gerais – CEFET/MG com bolsa CAPES. Mestranda em Educação pela Universidade Federal de Lavras – UFLA. Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Licenciada em Letras/Português – Inglês pela Universidade de Franca – UNIFRAN. E-mail: leilaarantes16@gmail.com
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