Neste artigo, a professora e pesquisadora Liliane Rezende apresenta o conceito de rubricas de avaliação, uma ferramenta capaz de tornar o processo avaliativo mais claro, objetivo e personalizado.
Fonte: Wix
Rubrica de avaliação é uma ferramenta construída por uma pessoa que quer avaliar uma tarefa, um processo ou um produto final, de forma a estabelecer critérios e níveis para prover feedbacks formativos ou emitir notas. É uma “quantificação de observações qualitativas” (BIAGIOTTI, 2005, p.8). Justamente por isso, vale frisar que o método elegido na avaliação não vem da rubrica estabelecida: ela apenas se associa ao método avaliativo já escolhido (BIAGIOTTI, 2005).
Por exemplo, suponhamos que um professor deseja avaliar os mapas mentais (tarefa) propostos por ele e construídos pelos seus alunos. Ao invés de adotar um sistema binário de avaliação de certo ou errado, o professor adota uma rubrica de avaliação e traz novas possibilidades ao processo de avaliar. Vejamos o exemplo construído:
Este exemplo tem objetivos claros em relação ao que é preciso avaliar. Os critérios estabelecidos dizem respeito ao conteúdo em que se baseia o mapa mental, à sua composição e à criatividade nele empregada. Para cada um dos critérios eleitos, existe um nível avaliativo associado. Vale ressaltar que a rubrica de avaliação é uma ferramenta pessoal, construída para um objetivo específico. Para Ludke (2003), “as rubricas partem de critérios estabelecidos especificamente para cada curso, programa ou tarefa a ser executada pelos alunos e estes eram avaliados em relação a esses critérios” (p.74).
Para se construir rubricas de avaliação eficazes é preciso tempo e planejamento por parte de quem avalia. Se os objetivos, as habilidades, as capacidades e outros elementos que se quer avaliar não estão bem traçados, as rubricas de avaliação podem ser improdutivas e ineficazes. O tempo gasto no planejamento sistemático das rubricas, que são únicas para cada processo que se deseja avaliar, pode ser recompensado no feedback. Porto (2005) vê um problema neste feedback, por não ser um conteúdo avaliativo totalmente pessoal. Porém, a rubrica de avaliação pode ser altamente eficaz diante de um volume muito grande de devolutivas que se precisa emitir. Feitas de maneira correta, com objetivos evidentes, as rubricas de avaliação podem abreviar o tempo de trabalho, sobretudo quando há clareza no que é preciso avaliar.
Além disso, a rubrica de avaliação evidencia os pontos fracos aos próprios estudantes. Desta forma, tendo conhecimento sobre as rubricas de avaliação adotadas pelos seus professores, um determinado aluno é capaz de fazer uma autoavaliação e observar onde é preciso melhorar. As rubricas de avaliação são ferramentas para mostrar as expectativas do professor em relação à/ao aluno/a e dar-lhe notas de forma clara, honesta e com detalhes de informações. (Porto, 2005).
Para construir rubricas de avaliação potentes, é preciso considerar alguns pontos:
As rubricas de avaliação são personificadas, ou seja, são construídas especificamente para cada tarefa que se quer avaliar.
As rubricas de avaliação devem descrever níveis detalhados de desenvolvimento de quem está sendo avaliado/a. Esses níveis podem estar associados a notas ou conceitos.
Os critérios construídos para compor uma rubrica de avaliação descrevem quaisquer resultados esperados pelos/as estudantes.
Biagiotti (2005) estabelece que as rubricas de avaliação devem conter certas características para que de fato se efetivem como uma boa ferramenta de avaliação de desempenho. Veja o quadro abaixo, proposto pelo pesquisador e adaptado aqui apenas para fins didáticos:
Por ter essas características, as rubricas de avaliação foram adotadas como alternativa durante o Ensino Remoto Emergencial (COVID-19) (BRASIL, 2020), como uma oportunidade de fornecer devolutivas para os/as alunos/as. A ideia é que, desse modo, cada estudante se capacitasse para fazer uma autoavaliação até mesmo antes de entregar uma determinada tarefa ao professor. Nessa lógica, o estudante já sabe com objetividade o que o avaliador esperava do seu trabalho. Por isso, quanto mais objetivas e detalhadas forem as rubricas de avaliação, menos espaços haverá para dúvidas e subjetividades.
Visto o que são rubricas de avaliação, quais são as suas características e como utilizá-las, é hora de fazer uma reflexão sobre elas. Podemos ressaltar que as rubricas podem contribuir para que o processo de atribuir conceitos ou notas se torne mais eficiente, claro, objetivo, justo e confiável. Caso seja da vontade do professor ou da professora, as rubricas podem estabelecer uma padronização do processo de avaliação mesmo que os/as avaliadores/as sejam diferentes. E ainda uma outra vantagem importantíssima nos dias atuais é a de fornecer feedbacks, cujas mensagens devem servir também como estratégia de autoavaliação dos avaliados.
Porém, como todos os métodos avaliativos, as rubricas trazem alguns problemas, como por exemplo a falta de tempo da maioria do professorado brasileiro em planejar esse processo. Para construir uma rubrica de avaliação eficaz, é preciso tempo! Afinal, esse é um processo complexo, que estabelece os critérios e níveis de aprendizagem. Nesse trabalho, é preciso levar em conta os objetivos do/a professor/a em avaliar, a linguagem acessível a todos e a todas e a necessidade constante de revisitar a rubrica e fazer adequações necessárias.
Tendo em conta o que aqui comentamos, somente a pessoa que avalia algo é capaz de mensurar a viabilidade da utilização de rubricas de avaliação. Caso o/a docente opte por trabalhar com rubricas de avaliação, é preciso deixar claro quais critérios são importantes para a avaliação e os níveis estabelecidos, inclusive níveis intermediários. Quanto mais objetiva e clara uma descrição avaliativa, mais fácil de entender a nota ou o conceito e, desta forma, alcançar o resultado esperado. Quando um educador ou educadora utilizar a rubrica de avaliação por si próprio/a construída, é importante que esse documento de trabalho seja sempre avaliado e revisado
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COMO CITAR ESTE ARTIGO:
ANASTÁCIO, Liliane Rezende. "Refletindo sobre rubricas de avaliação", em Revista Ponte, v. 1, n. 6, ago. 2021. Disponível em https://www.revistaponte.org/post/reflet-rubri-avalia
Liliane Rezende Anastácio é doutoranda em Educação pela Universidad Nacional de Rosario (Argentina), mestre em Matemática pela Universidade Federal de São João del-Rei, licenciada em Matemática (PUC Minas) e em pedagogia (Centro Universitário de Maringá). Atualmente é professora e chefe do Departamento de Ciências Exatas da Universidade Estadual de Minas Gerais. Escreve mensalmente na Ponte, onde assina a coluna Processos de aprendizagem e tecnologias digitais.
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Bibliografia
BIAGIOTTI, LCB. Conhecendo e aplicando rubricas em avaliações. In: Congresso Brasileiro de Educação a Distância. 2005. p. 1-9.
BRASIL. Ministério da Educação. Parecer CNE n. 05, de 28 de abril de 2020. Reorganização do Calendário Escolar e da possibilidade de cômputo de atividades não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima anual, em razão da Pandemia da COVID-19. Brasília, p. 1-24, 28 abr. 2020.
LUDKE, M. O Trabalho com Projetos e a Avaliação na Educação Básica. In: ESTEBAN, M.T.; HOFFMANN, J.; SILVA, J.F. (orgs) Práticas Avaliativas e Aprendizagens Significativas. Porto Alegre: Mediação, 2003, p.67-80.
PORTO, S. Rubricas: otimizando a avaliação em educação online. Disponível em http://www.aquifolium.com/rubricas.html. Acesso em: 24 fev. 2005.
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