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Reinvenções e teatralidades: O processo criativo do teatro na Pedagogia Ecossistêmica

Neste artigo, a professora Suzanne Rocha Guimarães apresenta a ideia de uma educação baseada na transdisciplinaridade, focando na pedagogia ecossistêmica e no teatro. Dessa maneira, ela frisa que esses métodos de ensino contribuem para a criatividade e a interação de cada aluno/a.

Fonte: Wix.


No território de uma educação transdisciplinar da pedagogia ecossistêmica, a descrição dos caminhos do processo criativo em teatro apresenta como ponto de partida um convite às percepções à nossa volta, desconstruindo o concebido, desaprendendo e buscando uma nova forma de encontro com o eu educador, o eu espectador e o eu artista.


Foi nesse contexto que, em 2014, conheci a pedagogia ecossistêmica por meio da minha experiência de teatro-educadora no Colégio Eureca, em São Luís/MA, contemplando uma proposta desenvolvida e praticada por Fátima Limaverde, em 1981, na Escola Vila, em Fortaleza/CE.


A partir de um encontro de saberes, a pedagogia ecossistêmica compromete-se, desde sempre, a propagar novos alcances de aprendizagens, promovendo, com os alunos, movimentos saudáveis e criativos, desenvolvendo a consciência e a atitude em relação às causas socioambientais, às expressões artísticas e a inúmeras outras experiências que emergem de uma transdisciplinaridade


"enredada em uma teia curricular complexa, que organiza todos os atos de currículo da escola a partir das relações que produzimos no mundo, compondo três eixos: cuidar do indivíduo; cuidar da natureza; cuidar do meio social.” (LIMAVERDE, 2019, p.40).


Uma vez que a pedagogia ecossistêmica alcança outros sistemas educacionais, temos nela algo que nos aproxima: a diversidade criativa, que nos coloca na liberdade de apropriação do processo criativo, gerando nossos universos, com um pé na cultura local e brasileira e o outro na natureza como conexão e fonte inspiradora.


Na visão ecossistêmica, o estímulo à criatividade, à interação, à integração e à ação do/a estudante no processo de aprendizagem inclui atividades artísticas, como teatro, música e artesanato, favorecendo a vivência da livre expressão de ideias e sentidos. Assim, o teatro, como campo fértil por natureza, proporciona um contato direto com a expressão vocal e corporal, jogos teatrais e todas as etapas de um espetáculo.


No quadro dessas experiências como professora de Teatro, foi preciso abrir os olhos e aguçar os sentidos na concepção e redescoberta do que realmente seria interessante para os processos individual e coletivo de aprendizagem.


A vivência do ensino do teatro ecossistêmico e suas possibilidades transformadoras foram os elementos que, de fato, despertaram em mim a busca pela autonomia da pesquisa e da familiaridade com a proposta, além do trabalho conjunto com alunos, equipe de professores e gestão pedagógica, sujeitos que, juntos, acreditam no engajamento das crianças, na ressignificação do olhar docente e em toda ação imaginativa produzida pelos/as estudantes.


Imersa nessa ideia, parti para os encontros com narrativas sobre o desenvolvimento da consciência ecológica, do resgate e da valorização das tradições da região, do novo repertório musical, das coreografias, dos figurinos e de cenários reciclados, pensando sempre em referências e recursos engajados nas nossas práticas, expectativas e toda a bagagem de conhecimento quanto às ações em relação ao planeta terra, que é a nossa casa.


O primeiro espetáculo, ao longo desse percurso singular com as crianças e adolescentes foi o “Eu passarinho: Voe com a imaginação”, uma grande viagem ao mundo dos passarinhos, a qual trouxe o canto e as espécies dos pássaros brasileiros fora de gaiolas, livres em dança e vida. Daí em diante, veio a adaptação do livro de Maria Amália Camargo, Num reino cor de burro quando foge, uma poética de um reino colorido, triste depois de muito desperdício de água. Já o Mundo Eureca: 10 anos de descobertas foi um espetáculo m comemoração aos 10 anos de existência e resistência da escola, passando por todos os projetos da pedagogia ecossistêmica, ressignificados teatralmente com as temáticas: trajetória, a natureza sou eu, brasilidades e brincantes.


Dessa maneira, percorremos o caminho do pleno convívio na arte teatral, sobretudo durante as nossas práticas em sala de aula e em nossos ensaios, onde todos protagonizaram a sua estreia. E assim, impulsionada pela construção de dramaturgias próprias, ultrapassando os muros da escola e levando, para além do palco, as nossas culturas, revoluções e criações, consegui acreditar que podemos vivenciar as infâncias e propagar a arte com e para as crianças.



COMO CITAR ESTE ARTIGO:


GUIMARÃES, Suzanne Rocha. “Reinvenções e teatralidades: O processo criativo do teatro na Pedagogia Ecossistêmica”, em Revista Ponte, v. 1, n. 6, ago. 2021. Disponível em: https://www.revistaponte.org/post/reinvenções-teatralio-proces-criati-teat-pedag-ecossistêm



Suzanne Rocha Guimarães é licenciada em Teatro pela UFMA. Professora de teatro no Colégio Eureca e Instituto Humasol. Artista na Cia Um Par de Histórias. Email: suzanneguimaraes89@gmail.com



 

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BIBLIOGRAFIA


FERREIRA, Thais. Cinco (ou mais) perguntas sobre a criança-espectadora e quatro (incertas) respostas. Subtexto-Revista de Teatro do Grupo Galpão Cine Horto, v. 3, n. 8, p. 43-50, 2011.


LIMAVERDE, Patrícia. Ecologia da resistência: experiências pedagógicas na Escola Vila. Criatividade: mudar a educação, transformar o mundo. 1º Edição, p. 36-43, São Paulo, Ashoka, Instituto Alana, 2019.


LIMAVERDE, Patrícia. Pedagogia Ecossistêmica: educação transdisciplinar da Escola Vila. Fortaleza: Editora da Vila, 2015.


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