Isabella Fortunato
Olá, leitores e leitoras!
Esta nova seção da Revista Ponte se chamará Tecnologias de Inovação Educacional, pois tem o objetivo de aproximar o mundo analógico dos professores e diretores ao mundo digital dos estudantes. A forma de pensar dessa nova geração é na ponta dos dedos, isso faz com que sua cognição, o processamento do pensamento e do conhecimento, o aprendizado, armazenamento das informações e a quantidade de dados a que são expostos e que devem filtrar sejam completamente diferentes da cognição da nossa geração, em que ainda conseguíamos decorar datas, aniversários, números de telefone, uma geração na qual ainda tínhamos um tempo para o ócio criativo, sem internet, sem celular, sem grandes distrações.
Em vez de fazer uma disputa de qual geração é melhor, já que cada uma tem suas peculiaridades, talvez seja o caso de, para melhorarmos o sistema educacional brasileiro - que já não é grande coisa -, irmos ao encontro dos jovens e aproveitar para aprender, junto com eles, o que há de melhor nas inovações que apareceram nos últimos 20-30 anos.
Que benefícios podemos tirar das novas tecnologias e aplicá-las em sala de aula para termos a atenção das novas gerações, atualizando as formas de aprender e variando as formas de nos expressar?
As redes sociais, que são, a esse ponto, uma realidade nas nossas vidas e que mudaram completamente nossa forma de nos relacionar, de ver o mundo e de nos posicionar nele, são uma ótima forma de vender o nosso trabalho e a nossa própria imagem, já que o marketing digital é uma área que perpassa diversas outras áreas, incluindo a educação.
Essa é também uma forma criativa de se relacionar com os próprios alunos, dando - e recebendo - algumas doses (com conta-gotas) da vida pessoal de cada um, aproximando e diminuindo o muro interposto entre professor e aluno.
A febre dos vídeos são uma ferramenta óbvia de avaliar o trabalho até dos mais tímidos dos alunos, que podem mostrar suas capacidades mesmo estando nos bastidores, se destacando em áreas antes impensáveis, como edição de vídeos, produção e escrita de roteiros, e divulgação dos trabalhos utilizando, por exemplo, os últimos recursos do marketing.
O Twitter permite-nos, em 140 caracteres, criar novas narrativas e utilizar novas fontes de informação que não as mídias tradicionais (jornal e televisão). É uma ótima oportunidade para desenvolvermos nos nossos alunos um senso crítico, em momentos em que as fakes news correm soltas e manipulam a divulgação de informação e até as eleições, como vimos nos últimos anos. Criar nos estudantes um posicionamento autônomo e coerente é, sim, papel dos pais, mas temos aqui uma brecha para reforçarmos a liberdade que os alunos e alunas têm na escolha das narrativas que lhes pareça mais próximas da realidade - se é que a realidade existe -, comparando e buscando fontes fidedignas e variadas, formando sua própria opinião em vez de reproduzir, sem pensar, a opinião de pessoas próximas e mais influentes.
O Instagram junta imagem, texto (tanto o associado diretamente à imagem quanto o da legenda, que explica a imagem) e vídeo. É interessante saber que os vídeos do feed, o do reels e o do stories têm o seu propósito e que os jovens sabem perfeitamente distinguir a mensagem passada por cada um, exercitando a adequação da linguagem utilizada por cada ferramenta.
A quantidade e a variedade de informações nos fazem questionar a importância de alguns conteúdos obrigatórios na escola e de outros que conseguimos aprender diretamente na rede e que são infinitamente mais práticos como educação financeira, educação sexual, inteligência emocional, desenho, escrita e publicação independente de livros.
É na rede também em que são discutidos abertamente os mais novos assuntos sobre minorias e saúde mental, debates esses que nem sonhávamos em desenvolver há alguns poucos anos.
Podemos falar também de todos os aplicativos e softwares que podem facilitar nossa vida e aumentar drasticamente nossa produtividade, como aplicativos para controle financeiro (pessoal e empresarial), aplicativos para montar questionários e exercícios de revisão para os alunos, sempre utilizando o conceito de gamificação, que estimulam a competição saudável, mas também o raciocínio rápido e, consequentemente, o aprendizado ativo dos conhecimentos transmitidos.
Há softwares capazes de nos ajudar também para a distribuição de material para os alunos, economizando a impressão em papel, como os de armazenamento como Google Drive e Dropbox, bem como aqueles que nos ajudam a manter controle das faltas, nos ajudam no cálculo das notas e facilitam até passar o conteúdo em sala, como os softwares que fazem apresentações, permitindo-nos utilizar cores, imagens e outros recursos para aumentar a possibilidade de internalização por parte do aluno.
Parece que podemos aprender com nossos alunos tanto quanto ou mais do que podemos ensinar. Afinal, seremos lembrados somente se ultrapassarmos a barreira do reprodutor de conteúdo e deixarmos nossa marca como guias da escola da vida, pois estamos aqui, de fato, para conduzi-los a fazer escolhas conscientes e sustentáveis, neste mundo em plena transição.
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Isabella Fortunato é tradutora, educadora digital e formadora no setor empresarial. Doutorou-se em Letras pela Universidade de Coimbra e deixou a carreira acadêmica para trabalhar com formação de líderes, tradução e empreendedorismo. Escreve mensalmente na Ponte, onde assina a coluna Tecnologias de Inovação Educacional.
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